terça-feira, 23 de junho de 2015

Sexta-feira, 13/02 – 40 semanas e 6 dias

O café da manhã foi reforçado e funcional para um final de gravidez: melancia (a parte branca é ótima para a circulação e eu estava deveras inchada), iogurte, yakult (para o sistema digestivo de Aurora), sanduíche de queijo e amêndoas.

Liguei para mamãe e pedi que ela me acompanhasse na ultrassom, ao meio-dia. Ela estava hospedada num hotel chique a três quadras daqui de casa, em Pinheiros. Havíamos decidido que nos momentos finais da gravidez ficaríamos sozinhos em casa, para entrar no clima. Pois bem, em 20 minutos ela chegou. A ideia era fazer o exame, almoçar e caminhar no parque Villa Lobos. Afinal, Aurora precisava encaixar!

Fomos ao consultório com o carro de Duda, que estava nos EUA e só voltaria em uma semana. Como era véspera de Carnaval, o consultório estava cheio e foi difícil conseguir o encaixe. A consulta atrasou bastante e às 13h fomos finalmente atendidas.

Aurora estava super bem, como sempre. Como era de se esperar, nossa filhota mexia-se tranquilamente, os fluidos e fluxos todos ok. O tamanho dela é que toda vez impressionava: cabeção, pernão, buchão e bração. As imagens falavam em 3,8kg de pura gostosura.

Aí veio a análise do nosso “problema”, que estava sendo monitorado semanalmente há mais de um mês e, na última semana, de dois em dois dias: o ILA (índice de líquido amniótico). Em uma das nossas últimas USGs, constatou-se oligoâmnio, por isso era necessário acompanhar de perto se ainda tinha água suficiente na piscininha da nossa peixinha. Por isso, resolvemos fazer esse acompanhamento minucioso com Dr. Maurício Saito, um dos melhores ultrassonografistas fetais de São Paulo.

Dessa vez, numa primeira medida, deu 5,9. Isso assustou o médico, que resolveu medir de novo: 6,2. Uma terceira medida e novamente 6,2. Quando o normal é entre 8 e 18. Não deu outra: Dr. Maurício ligou para Dr. Marcos dali mesmo e aconselhou uma indução para o quanto antes, pois a essa altura, às vésperas de completar 41 semanas, a tendência era que o líquido diminuísse ainda mais a cada dia, uma vez que o sistema renal dela estava pronto e a urina ficaria cada vez mais concentrada.

Da recepção do consultório liguei para Dr. Marcos, que já estava mobilizando a equipe dele. “Ju, tua neném não tá encaixada, você ainda tá com o colo grosso e sem dilatação nenhuma. Acho melhor fazermos a indução com segurança do que esperar mais e corrermos o risco de ter um cenário desfavorável para o procedimento. Mas você é quem decide.”, falou meu obstetra querido. Concordei. Afinal, desde a primeira USG, às seis semanas, Aurora já era cerca de uma semana maior para a idade gestacional, então considerei também a possibilidade de já estarmos beirando as 42 semanas.

Liguei para Fabrício, contei tudo. Ele também concordou e já pediu liberação no trabalho para ir pra casa arrumar as coisas comigo. Quando chegamos, ele fez um macarrãozinho gostoso pra gente (mamãe estava conosco).

Passamos o resto da tarde em contato com Dr. Marcos. No final das contas, ficou combinado que faríamos a internação no hospital naquele dia mesmo, sexta-feira 13/02, às 22h. E a primeira dose do comprimido Misoprostol seria ministrada às 3h e as demais de 6h em 6h horas, a depender da evolução do processo.

Arrumei todas as coisinhas que estavam pendentes: restante da mala, pagamentos pela internet, listas de pendências, orientações para a faxineira e para as avós etc, enquanto Fabrício ia no supermercado comprar uns brebotes para levarmos para o hospital. Tentei dormir, mas não consegui pregar o olho, estava bem ansiosa. Tava chegando a hora de conhecer nossa filhota! Fabrício descansou um pouco.

Chegamos no hospital às 22h30. Ficamos na recepção tomando um chá de sofá até 2h, vendo o vai-e-vem de grávidas, pais nervosos carregando malas, visitantes com flores e enfermeiras ocupadas. Mas a lembrança que marcou aquele momento de ansiedade foi o refrão incansável de uma das escolas de samba que desfilava pela TV naquela sexta-feira de Carnaval: “daqui eu não saio, daqui ninguém me tira”. Só isso. Minutos a fio, horas sem fim. Até brincamos: é o melô de Aurora, que não quer sair desse bucho de jeito nenhum!

A maternidade estava lotada por conta do Carnaval e só nos conseguiram um quarto na ala de ginecologia, o que foi bom por um lado (era silencioso, novinho e amplo) e ruim por outro (ficamos desassistidos de enfermeiras da maternidade, o que acabou atrasando o horário das doses do Misoprostol).

O primeiro cardiotoco que fiz, ainda na triagem, tirou minha dúvida com relação às contrações: o que eu vinha sentindo há cerca de 15 dias eram realmente as danadas. 

Sábado, 14/02 - 41 semanas

A primeira dose de Misoprostol foi introduzida às 3h30 e em seguida fizemos outro cardiotoco. O exame de toque constatou 1 cm de dilatação antes mesmo do primeiro comprimido. Tive bastante contrações doloridas entre 4h e 5h30, achei mesmo que o negócio já ia engrenar. Depois dormi, aquele sono mal dormido, interrompido por um puxavão aqui e acolá.

Acordei às 9h30 com o café-da-manhã. Logo em seguida fizeram um exame de toque e estava em 2 cm de dilatação. Ministraram a segunda dose de Misoprostol às 10h50. Tive apenas contrações leves após essa segunda dose. Tudo perfeitamente suportável. O mais marcante foi mesmo o tremendo do cocô que eu fui capaz de fazer. Seguimos a tarde tranquilamente, Fabrício, o melhor maridoulo do mundo, fazia massagens, monitorava as contrações e me servia comidinhas.

Às 18h veio a terceira dose. Em menos de uma hora o bicho pegou. As contrações engrenaram para valer, bem doloridas e num intervalo bem curto, de 3 em 3 minutos. Dr. Marcos estava sempre ligando para saber do andar da carruagem. Não sei bem o momento, mas certa hora Fabrício foi ríspido com ele: “você tem que vir para cá, estamos desassistidos fora da ala da maternidade”. Por volta das 22h30 ele chegou. Não consegui nem falar “oi” pro coitado, porque tive uma contração violentíssima bem no momento que ele entrou no quarto, tão violenta que a bolsa estourou exatamente nessa hora! O líquido estava claro, só com um pouco de sangue. Ufa! Sem mecônio.

Quando a contração passou, fizemos um toque e estava com 3 cm de dilatação. Ele então pediu transferência para a sala de Delivery, de parto humanizado, onde só chegamos à meia-noite e meia. Eu já estava chamando urubu de meu louro. Da transferência, lembro que fui na cadeira de rodas, gemendo muito e pensando que quem estivesse me vendo naquele estado deveria estar morrendo de pena de mim. A pessoa em transe e ainda arruma besteira pra pensar!

Domingo  - 15/02 - 41 semanas e 1 dia

Fui direto para a banheira, de onde só saí às 6h da manhã. Impressionante o alívio que eu senti com a água quentinha. Imediato! Parecia até que o trabalho de parto tinha parado. Resultado: cochilei. Acordei quando a água esfriou. Comecei a chamar Fabrício e Dr. Marcos. Os dois estavam dormindo: Fabrício na maca e Dr. Marcos no sofá. E quem disse que alguém me escutava? Eu berrava, berrava, falava que tava com frio e ninguém nem tchum. Mudei de estratégia e resolvi anunciar: Aurora nasceu! Aurora nasceu!! Mesmo assim ninguém acordou! Hahahaha! Pense! Estávamos todos exaustos, afinal, já iam mais de 24h de trabalho de parto (eu já estava há umas 44h acordada, mantendo-me de breves cochilos). 

Bela hora Dr. Marcos ouviu e foi me acudir. Colocou mais água quentinha pra mim, mas agora não tinha mais volta: as contrações retornaram violentíssimas e nem a água quente surtia mais efeito. Ele me falou que bolsa rota e neném alto fazem as contrações serem ainda mais dolorosas. Foi uma novela para conseguir medir a dilatação, eu não conseguia de jeito nenhum me projetar para fora da banheira para ele fazer o toque. Dr. Marcos tentou acordar Fabrício, que quase não levanta. Precisou chacoalhá-lo, o bichinho tava muito cansado. Quando acordou, eles puderam me erguer para medir: entre 8-9 cm. Pedi minha escova de dentes, estava com um gosto horrível na boca. Hahaha, como pode, a pessoa entra na partolândia e fica com vontade de escovar os dentes? Pois foi o que eu fiz. Escovei os dentes dentro da banheira mesmo.

Por volta das 5h pedi anestesia. Já estava há mais de 25 horas em trabalho de parto. Dr. Marcos achou sensato, uma vez que eu tinha estacionado em 9 cm de dilatação. A ideia era que com a anestesia meus músculos relaxassem e Aurora finalmente encaixasse. Às 6h a anestesista, Lu, chegou. Saí da banheira. Foi uma verdadeira novela para aplicar a analgesia. As contrações estavam violentíssimas, eu não conseguia ficar na posição para receber a injeção e tampouco conseguia ficar imóvel quando a dor vinha. Dr. Marcos segurava minha cabeça encostando minha testa na dele e falava coisas que eu não tenho mais ideia do que foram. Depois eu soube que nessa hora Fabrício entrou em pânico. Estava com medo de acontecer alguma merda porque eu não conseguia relaxar para aplicarem a agulha e a médica falava que minhas vértebras tinham um espaço muito pequeno entre uma e outra. Eu não tive medo. A dor já era tanta, o cansaço era tanto que eu estava decidida por aquela anestesia. Eu só precisava conseguir ficar completamente imóvel mesmo se uma contração viesse. E foi o que eu consegui fazer, sei lá como.

Um liquidozinho gelado escorrendo pelas costas e as contrações foram se tornando cada vez mais suaves, até que minhas pernas formigaram e eu não senti mais dor. Dormi. Ou melhor, cochilei, né?

Dr. Marcos precisava monitorar bastante a partir de agora. Toque, cardiotoco e mão na barriga para avaliar a intensidade e o intervalo das contrações, já que agora eu tava de papo pra lua no bem-bom, sem dor. O assistente chegou, um rapazote, Luís, que devia ser residente. Dr. Marcos foi tirar um cochilo e ele ficou monitorando minhas contrações. Todo mundo dormindo e eu lá, azuretada querendo novidade.

Mas nada evoluía. Aurora não descia de jeito nenhum. Ela estava ótima, batimentos ok, mas parecia que não encontrava o caminho.

Dr. Marcos chegou renovado depois da soneca. Achou melhor ver como as coisas estavam lá por dentro e colocou a mão para avaliar a posição da cabecinha dela. “Ju, ela está totalmente apoiada no seu osso pélvico, não está conseguindo girar para o canal de parto. Vou tentar ajudá-la com as mãos, ok?”. Ok.

Nada.

Fiquei então de cócoras apoiada numa barra de metal para que a gravidade agisse. Quase uma hora assim. E nada.

“Quando foi a última vez que você fez xixi?”, Dr. Marcos perguntou. Ixi, tinha sido quando eu fiz cocô, há pelo menos umas 18 horas! Decidimos colocar uma sonda para esvaziar a minha bexiga. Podia ser que ela estivesse tão cheia que estaria bloqueando a passagem. Tiramos quase meio litro de xixi. Esperamos. E nada de Aurora descer.

E agora?

“Ju, já faz muito tempo que a bolsa estourou.... Estou ficando preocupado. O que você acha de colocarmos um pouco de ocitocina para ver se as contrações aumentam e empurram ela?” Eu estava exausta e parecia não haver mais muita opção. Lá vinha outra intervenção que não estava nos meus planos... Mas àquela altura, 30 horas de trabalho de parto, eu topava tudo que tirasse uma cesárea do meu caminho.

Ocitocina bombando, recebi orientação para fazer força. Já eram 10h40 da manhã. Era nossa última tentativa antes de partirmos para a cesárea. Eu sabia disso. E o meu maior medo durante o final da gestação parecia se concretizar: estava se confirmando o cenário para o diagnóstico de desproporção encéfalo-pélvica.

Engraçado isso... desde as 36 semanas, quando normalmente o bebê de uma nulípara encaixa, o que mais me preocupava era o fato de Aurora não descer. Eu não estava muito perturbada com o oligoâmnio, nem com o colo grosso ou com a grandice dela. Algo lá no fundo me dizia que o fato de ela não encaixar é que podia ser relevante para os meus planos... Desde então, li bastante sobre a tal desproporção encéfalo-pélvica e sempre perguntava nas minhas consultas. Logo, sabia que para ter esse diagnóstico teríamos que passar por todo o trabalho de parto e chegar na dilatação total. E foi o que fiz.

Mas voltando à sala de parto: como eu não sentia mais as contrações, esperava pela orientação de Dr. Marcos para fazer força. Algumas tentativas, acho que cinco ou seis. E o coraçãozinho dela começou a desacelerar.... Chegou a 90 bpm, quando parei de fazer força. Pânico! Era o atestado que faltava para abrirem minha barriga.

Quando a ficha caiu que os nove meses de preparo, alongamentos, pilates, hidroginástica, as seis semanas de epi-no (com 11 cm de dilatação!) e as 31 horas de trabalho de parto iam acabar na faca, entrei em pânico: eu tremia que nem vara de bambu. Parecia que estava tendo uma convulsão, e aquilo me assustou. Caí no choro. Eu sabia que era o que tinha que ser feito, mas eu não tinha me preparado para aquilo! Vomitei a comida do dia anterior. Sim, fazia muito tempo que eu não comia, e nem lembrava disso. Quando me dei conta, já era tarde demais, eu não podia mais comer. Sem nada no estômago, a fome bateu. E uma sede louca. Eu olhava para o soro pingando e salivava, lambia os beiços. Eu queria muito tomar aquilo. Parecia que era a coisa mais saborosa do universo. Eu precisava pelo menos escovar os dentes para tirar aquele gosto de bile da boca. Não podia, a cirurgia agora era urgente. Eu falava que não queria dar o primeiro beijo na minha filha com boca de vômito e pedia um cepacol. Hahaha, a louca.

Tudo isso foi acontecendo enquanto a cirurgia se desenrolava. Não lembro muito bem das coisas, só da ideia fixa de beber o soro fisiológico que pingava do meu lado. Ah, e do cepacol, claro. Eu não entendia porque não podia. E até agora não entendo.

Bela hora um telefone foi me dado. “É a sua mãe”, Dr. Marcos falou. HÃ? Mainha ligou para o obstetra bem na hora da cirurgia! Ela disse que estava preocupada, tentando falar conosco há muito tempo e eu só lembro de ter respondido: “mãe, não posso falar agora que eu estou sendo operada!”. Hahahaha!

Eu sentia Dr. Marcos remexendo lá por baixo, mas acho que eu não tinha nem noção de que a cirurgia já estava acontecendo. Teve uma hora que ele colocou a cabeça para o meu lado do lençol divisor e fez uma cara estranha. Eu olhei para a cara dele e perguntei o que estava acontecendo, o por quê daquela cara. Eram 11h29 da manhã quando então ouvi o choro. Do nada, aquele chorinho. Era ela! Me pegou totalmente de surpresa, não sabia que seria tão rápido, tinha sido tudo tão demorado até agora... Eu ainda estava com ideias fixas sobre o soro fisiológico e o cepacol! E de repente ela estava ali, precisando de mim, com urgência, com medo, com frio. E eu tão cansada, tão sonolenta (51 horas sem dormir!), tão faminta, tão sedenta... não sentia mais nada disso, somente uma necessidade imperiosa de acolher aquela criaturinha de olhinhos negros e curiosos, que ainda estava quentinha, da quentura de mim.

Aurora parou de chorar no mesmo minuto que descansou o rostinho no meu peito. E lá ficamos, nos conhecendo, nos reconhecendo, nos paquerando, um tempo bom. Ela teve que tomar um oxigênio, mas tomou lá mesmo, nos meus braços. A bichinha estava muito cansada. Eu estava, imagina ela... E aquele era o nosso descanso, a recompensa por tanto esforço das duas: se conhecer, olho no olho, cheiro no cheiro, pele na pele. O tempo parou, o espaço ficou. Éramos nós duas ali, aquela coisa que era uma só, que virou duas, mas que continuava sendo uma.


Em algum momento, nosso pediatra querido, Dr. Ricardo Coutinho, pediu que ela fosse examinada ali mesmo na sala de parto. E foi nessa hora que eu percebi que tudo tinha mudado. Pra sempre. Quando ela se afastou, eu não era mais a mesma. Parecia que estavam levando um pedaço de mim. Eu sabia que dali em diante não tinha mais cordão umbilical, mas o que nos unia agora era muito mais visceral. Foi como se uma tivesse nascido da outra: ela nasceu de mim e eu renasci com ela. E foi assim que o grande mistério do universo (o ovo ou a galinha?) me foi revelado. 
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Aurora veio ao mundo desse jeito, totalmente diferente do que planejei durante 9 meses. Demorei bastante para terminar esse relato porque quando as coisas não acontecem de acordo com as nossas expectativas, fica um pouco aquele sentimento de frustração e eu estava trabalhando isso. É evidente que passei por uma (ne)cesárea após fazer tudo que estava ao meu alcance para que minha filha viesse ao mundo naturalmente. Meu médico até hoje brinca: você teve dois partos em um só. E eu respondo em silêncio: pena que foi apenas o lado dolorido de cada um deles. É um pouco pessimista, eu sei, visto que estamos as duas aí saudáveis por conta da cirurgia (que, aliás, eu soube 15 dias depois, foi feita por um método hindu, menos invasivo, apenas com cortes horizontais). Mas o que sei mais ainda é que Aurora vai ter irmãozinhxs e eu espero ter mais umas duas ou três oportunidades de vivenciar um parto natural. Que venha x próximx!!! 

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

starting all over again...

apois pronto. Mais de três anos depois, resolvi ressucitar esse digitoscrito. Claro que agora no começo os textos serão sobre recomeços e as voltas que a vida dá.
E como um bom recomeço, não sei nem por onde começar.

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(...muito tempo depois...)

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(mais muito tempo depois...)

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sem saber ainda por onde começar, resolvi por dizer que a primeira frase desse post foi escrita há mais de 15 dias. Eu já estava no impulso, mas então, como sempre, acontece alguma coisa que impulsiona ainda mais tudo aquilo que já está latente. Comigo sempre foi assim. Podia ter sido uma música, uma filme, um texto. Podia ter sido uma conversa, uma viagem, um encontro. Mas foi um fato. Ou melhor, um feto. O fato deste um feto me exigiu sair da rouquidão. Me deu vontade de gritar. Eu preciso mesmo falar. Ou melhor, escrever. Porque prudência demais sempre me fez mal, mas de menos fez pior ainda.

O fato do meu feto me fez sair da inércia. É isso aí.